EM MOVIMENTO

Solidariedade com a Palestina em Lisboa e no Porto

Solidariedade com a Palestina em Lisboa

O Largo de Camões, em Lisboa, encheu-se ao fim da tarde de 14 de maio, com a presença convicta e combativa de activistas pela paz e pelos direitos do povo palestino.

Num acto público promovido por mais de 50 organizações e que recolheu o apoio de mais de 100 personalidades, ouviram-se as intervenções de representantes do Conselho Português para a Paz e Cooperação, da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical Nacional, do Movimento Democrático de Mulheres e do Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e a Paz no Médio Oriente, organizações que lançaram o apelo para a realização da iniciativa.

Após as intervenções os presentes aprovaram por unanimidade o seguinte texto:

“Basta de crimes
O povo da Palestina precisa
da nossa solidariedade!

Em 1947 a ONU decidiu a partilha da Palestina em dois Estados. A criação do Estado de Israel em 1948 foi acompanhada por uma limpeza étnica da população palestiniana, que ficou conhecida como Nakba (“a catástrofe”) e por uma guerra que visou desde logo impossibilitar a criação do Estado da Palestina. Sete décadas volvidas, a promessa de um Estado da Palestina está por cumprir.

Mas a Nakba continua na vida diária dos palestinos. Israel prossegue os massacres, o roubo de terras, o saque aos trabalhadores, os impedimentos de circulação, os colonatos ilegais, o Muro do Apartheid, o cerco a Gaza, as prisões arbitrárias, a ocupação, que fazem parte dum processo de expulsão dos palestinos de toda a sua terra natal iniciado em 1948.

A decisão dos EUA/Trump de declarar Jerusalém como capital de Israel, anunciando a transferência da sua embaixada para essa cidade, é uma frontal violação de todas as resoluções da ONU e acordos internacionais que visa impedir a realização dos direitos nacionais do povo palestino e a Paz justa e duradoura no Médio Oriente.

Assim, nós, os participantes na concentração de solidariedade com a Palestina e pela Paz no Médio Oriente:

– condenamos a política de colonização, limpeza étnica, ocupação e repressão, praticada por Israel contra o povo palestino desde há 70 anos;

– exigimos a paz no Médio Oriente, pondo fim às catástrofes geradas pelas guerras deste último quarto de século;

– protestamos contra o reconhecimento pelos Estados Unidos de Jerusalém como capital de Israel e a transferência para aí da sua embaixada;

– reclamamos do Governo Português que, nos fóruns em que participa, defenda o direito internacional e as resoluções da ONU respeitantes à Palestina e que reconheça formalmente o Estado da Palestina com capital em Jerusalém Oriental.

– manifestamos a nossa solidariedade com a justa luta do povo palestino pelos seus inalienáveis direitos nacionais, pela edificação do Estado da Palestina livre, independente, soberano e viável nas fronteiras anteriores a 1967, com capital em Jerusalém Oriental, e uma solução justa para a situação dos refugiados palestinos, nos termos do direito internacional e das resoluções pertinentes das Nações Unidas.”

A iniciativa terminou com o compromisso de todos os presentes em continuar a a solidariedade e a luta por uma Palestina livre e pela Paz no Médio Oriente.

Solidariedade com a Palestina no Porto

Também no Porto, mais de uma centena de pessoas veio para a rua, em solidariedade com o povo palestino, naquele que as autoridades palestinas consideram ser o dia mais sangrento desde 2014. A iniciativa, organizada por um vasto conjunto de organizações, contou com a intervenção de Ilda Figueiredo, do CPPC (Conselho Português para a Paz e Cooperação) e também de Olga Dias, em representação do MDM.

 

 

 

 

Amigas e amigos,

Começo por usar as palavras da poetisa Náhida Izzat num dos seus poemas mais comoventes “Quero contar ao mundo”

Quero contar ao mundo uma estória

…sobre um lugar com uma lanterna quebrada…
…e sobre uma boneca queimada…
…sobre um dia no campo que ninguém disfrutou…
…sobre uma tocha que matou uma flor…
…sobre um fogo que consumiu uma trança…
…um conto sobre uma lágrima que já não pôde cair…
Quero contar uma estória sobre uma cabra que já não foi ordenhada…
…sobre um pão que não foi cozido…
…sobre um casamento que não se celebrou…
…e uma menina que não pôde crescer…
…sobre uma bola que não foi chutada…
…sobre uma pomba que não voou…
Quero contar-te uma estória sobre uma chave que não foi usada…
… sobre uma sala de aula que ficou vazia…
…sobre um pátio de recreio que ficou vazio…
…sobre um livro que não foi lido…
…sobre uma horta cercada e sobre seus frutos que ninguém colheu…
….sobre uma mentira que se descobriu…
….
Quero contar uma estória sobre um telhado com erva e lodo…
…sobre uma pedra que enfrentou um tanque…
…e sobre uma obstinada bandeira que se recusa a ser retirada…
…sobre uma esperança que não pode ser derrotada…
…quero contar ao mundo um conto.

A poetisa fala das vivências difíceis de um povo sujeito a práticas de terror, a uma violenta ocupação e colonização por parte de Israel.

E tudo isso acontece alegando Israel de forma hipócrita e demagoga que se defende de ataques palestinos, quando não olha a meios, a forças desproporcionadas para matar, ferir, prender, torturar (inclusive crianças), que se apropria de terras, que divide e isola aldeias, que levanta muros e barreiras, que ocupa e desmantela o território da Palestina, que faz aumentar o êxodo de palestinos que sonham em regressar mas não sabem quando, que retira ou elimina os mais elementares direitos civis dos palestinos, que atenta contra os mais elementares Direitos humanos.

É uma Faixa de Gaza com uma pobreza muito elevada, onde escasseia o emprego, com condições sanitárias muito deficientes, onde o acesso à água, à saúde, ao tratamento hospitalar são quase inexistentes. Prisão de escombros a céu aberto, onde os ataques por parte de Israel não param, onde às mulheres seus filhos são roubados.

É uma Cisjordânia ocupada, com cortes de estrada, destruição de campos agrícolas e das pequenas hortas, check – points com filas imensas, onde a humilhação é uma constante, onde se espera durante longas horas, onde as mulheres chegam a dar à luz, onde são dificultados cuidados médicos aos palestinos em caso de urgência.

E tudo isto acontece com a protecção cúmplice dos EUA e a complacência e silêncio da U.E.

Os EUA ao transferirem a sua embaixada reconhecem Jerusalém como capital de Israel, apoiam de forma incondicional a ocupação ilegal que Israel fez de Jerusalém Oriental, encorajam e apoiam a violenta ocupação e colonização dos territórios palestinos, as criminosas políticas de Israel que violam e desrespeitam sistematicamente o direito internacional e as resoluções da ONU.

Mas a poetisa também fala de um povo valente que luta, que não perde a esperança, que sonha com uma Palestina livre, independente e soberana. Sonham com uma Palestina onde os seus direitos sejam respeitados, onde as crianças possam crescer e sonhar ser crianças, sonham com a Paz.

E são também as mulheres palestinas a afirmar que sem Paz não há luta pelos Direitos das Mulheres, porque no momento é uma das últimas prioridades face a muitas outras, porque a luta pela igualdade tem de andar a par da luta pelos direitos do povo palestino, contra a ocupação da Palestina.

Estamos solidárias com elas, na sua luta diária, na luta pelos direitos do seu povo, na luta pela edificação de um Estado da Palestina livre, independente, soberano, com as fronteiras anteriores a 1967, com a capital em Jerusalém Oriental.

Mas, porque a luta das mulheres e homens da Palestina se entrelaça com a luta das mulheres e homens de outros países Árabes na região, somos solidárias com todos os povos do Médio Oriente e a sua luta.

Por isso, em nome da DN do MDM reafirmo que:

– condenamos as políticas de Israel contra o povo palestino que perdura há 70 anos e se intensifica diariamente.

– protestamos contra o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel ao arrepio das resoluções da ONU.

Sabendo que hoje o Governo Português se recusou e bem a participar na inauguração da embaixada dos EUA em Jerusalém, o MDM augura que o Governo continue a defender a causa da libertação da Palestina, e na senda do respeito pela Constituição da República reconheça o Estado da Palestina com capital em Jerusalém Oriental.

Defendemos uma Palestina livre e soberana que, como diz a poetisa, “tem uma obstinada bandeira que se recusa a ser retirada”, uma Palestina onde persiste uma esperança que não pode ser derrotada.

Viva a Palestina livre e independente!

O Movimento Democrático de Mulheres está hoje aqui, no dia em que se assinalam os 70 anos da Nakba, para reafirmar a solidariedade para com a luta do povo da Palestina, que há sete décadas defende o estabelecimento do Estado palestino, as suas fronteiras e a sua capital em Jerusalém Oriental.

A decisão dos Estados Unidos, pela voz do seu presidente Donald Trump, de reconhecer Jerusalém como capital de Israel e transferir para aí a sua embaixada, é inaceitável porque viola a legalidade, à luz do direito internacional, viola os direitos do povo palestino e aprova os  massacres, a política de colonização, limpeza étnica, ocupação e repressão, praticada por Israel contra o povo palestino desde Março último.

Fica mais uma vez demonstrada a hipocrisia do papel dos EUA, que se apresenta como “mediador imparcial” no conflito, quando desde sempre apoiou a ocupação, o expansionismo e a agressão Israelita contra o povo palestino, contra todas as medidas que reconhecem a legitimidade da causa palestina e o direito ao reconhecimento do Estado Palestino.

Por isso, importa lembrar, que no conflito israelo-palestino, as duas partes não estão em pé de igualdade.

Com este inaceitável passo, os EUA dão uma vez mais, de forma aberta e inequívoca, cobertura à política sionista e ilegal de ocupação de territórios da Palestina, incluindo a ocupação total da cidade de Jerusalém por parte de Israel. Esta medida unilateral e ilegal dos Estados Unidos faz parte de um quadro de rápida deterioração da situação em todo o Médio Oriente, com um crescendo de ameaças e de medidas que constituem mais um prenúncio de uma maior escalada de guerras e conflitos naquela região.

O MDM está aqui, solidário com a causa da independência e libertação da Palestina e reafirma a sua solidariedade com as mulheres e o povo palestino e saúda a sua justa luta, pelo seu inalienável direito à terra, pela edificação do Estado da Palestina Livre, Independente, Soberano e Viável nas fronteiras anteriores a 1967, com capital em Jerusalém Oriental e por uma solução justa para a situação dos milhões de refugiados palestinos a quem foram confiscados os seus bens, obrigados a deixar o seu país, a sua pátria.

O MDM está aqui, para apelar às mulheres portuguesas e de todo o mundo, para que apoiem a justa luta do povo palestino no seu direito à terra e apelar, também, às forças vivas para denunciarem mais uma violação do direito internacional perpetrada pelo governo dos EUA, com a certeza de que o governo de Israel pratica uma política de apartheid e genocídio, que humilha os direitos universais e a dignidade humana do povo palestino, pondo em perigo a paz naquela região do planeta e no mundo, e que esta política tem que ser clamorosamente rejeitada.

O MDM está aqui, hoje, para afirmar a sua solidariedade com o povo palestino na luta incessante por uma Palestina livre e independente e com uma forte esperança de Paz no Médio Oriente.

Palestina Vencerá!

wb_gestao2Solidariedade com a Palestina em Lisboa e no Porto

Related Posts