EM MOVIMENTO

MDM saúda mulheres rurais no Dia Internacional da Mulher Rural. 15 de Outubro

A Assembleia Geral das Nações Unidas, único órgão da ONU que tem uma representação de países membros igualitária, declarou em 2007, com a assinatura da Resolução 62/136, o dia 15 de Outubro, como dia internacional da Mulher Rural, e mais recentemente, o ano de 2026, como futuro Ano Internacional da Mulher Agricultora.

Ao redor do mundo, várias iniciativas comemoram este dia, visibilizando a importância das mulheres rurais nos seus contextos locais e globais.
O MDM não pode passar este dia sem se associar a estas comemorações, dando voz às preocupações e problemas que afetam as mulheres rurais Portuguesas.
No nosso país, o mundo rural, as agricultoras e agricultores familiares, raramente adquirem alguma visibilidade política ou mediática, que ultrapasse as situações de tragédia, de secas ou incêndios, que se vão normalizando nas últimas décadas.
A valorização e visibilidade destas mulheres e dos seus territórios está na melhor das hipóteses presente em certos discursos próximos ao mediatismo turístico e cultural, e muito longe da discussão pública democrática e do desenvolvimento das soluções eficazes (económicas e sociais) de que necessitam as mulheres rurais portuguesas.

O dia a dia de uma mulher que habita um território rural, de Norte a Sul, tem desafios bem reais nos seus contextos económico, cultural, social e psicológico, que não são incorporados nas políticas públicas de desenvolvimento territorial, quer a nível nacional, quer local, com poucas exceções a uma regra global de mercantilização do trabalho agrícola e dos alimentos, alinhada com os interesses de uma agroindústria
assessorada pelas diretivas da PAC, com consequências graves ao nível da segurança e soberania alimentar, da desertificação e abandono do espaço agrícola e florestal, de degradação e “colonização” cultural do espaço rural, de envelhecimento populacional, de isolamento, de perda irrecuperável de técnicas, saberes, alimentos e espécies, de degradação dos ecossistemas, de perda de património natural e cultural.
O somatório destas ações de contínua desvalorização e delapidação de mundo rural, trás consequências com efeito “bola de neve”, que não se combatem sem políticas publicas integradas, igualitárias, conscientes e claramente contrárias ao sistema que nos impõem a União Europeia, com a conivência dos sucessivos governos PS/PSD.

A mulher rural precisa, já, no seu dia a dia, de condições e infraestruturas de acesso à saúde e proteção social, a formação e educação e de respostas que a possam apoiar na procura e criação de oportunidades de trabalho e financeiras, para viver com um mínimo de dignidade.
Só na melhoria da condição de vida da mulher rural encontraremos respostas para o combate à desertificação dos territórios rurais, para o combate ao colapso ambiental e para fazer frente a um futuro que nos dá já como certos, problemas crescentes na gestão económica, ambiental e na segurança alimentar.

A agricultura familiar detém o paradoxo de ser responsável pela produção da maior parte dos alimentos consumidos diariamente a nível mundial, e constituir ao mesmo tempo a força de trabalho mais vulnerável aos desastres económicos e ambientais.
Está a seu cargo, principalmente das mulheres, uma agricultura que se foca na produção dos alimentos de consumo diário, e com a utilização de métodos técnicas de produção sustentáveis.
São elas que mantém vivas as suas comunidades, produtos e tradições, mas também são as mulheres que mais vivem as dificuldades que acompanham criar uma família, trabalhar, cuidar dos doentes, deslocar-se e estudar nestes territórios, que constituem a maior fatia do território nacional.
O MDM, em parceria com a CNA (Confederação Nacional da Agricultura); UABDA (União de Agricultores e Baldios do Distrito de Aveiro); MARP (Associação das Mulheres Agricultoras e Rurais Portuguesas) e o Município de Arouca, irá dinamizar no próximo mês de Novembro, em Arouca, um debate sobre a Mulher Agricultora e Rural, do qual fará parte a apresentação da “Caderneta da Mulher Agricultora e Rural” – um instrumento de valorização do trabalho e dos produtos das mulheres agricultoras, produzida em parceria com a MARP no âmbito do projeto do MDM, “para além do Amor”.
E por falar em amor, poucas serão as pessoas com mais amor pela terra e pelo planeta que uma mulher agricultora. Parabéns a elas. Este é o vosso dia!!! Aqui estaremos juntas, mulheres rurais e urbanas, a lutar por um campo com direitos e igualdade e pela soberania alimentar.

wb_gestao2MDM saúda mulheres rurais no Dia Internacional da Mulher Rural. 15 de Outubro