Intervenção de Tânia Mateus,
Secretariado Nacional do MDM
Que maravilhosa celebração da força das mulheres transborda nesta Manifestação Nacional de Mulheres!
Que determinação, força e alegria trouxemos para o Largo do Carmo, um lugar emblemático de Abril, em que transportamos os sonhos e as aspirações das mulheres a uma vida feliz, com direitos e igualdade.
A todas, o MDM saúda calorosamente, estendendo a nossa saudação às muitas mulheres que, querendo estar aqui, connosco, não puderam, ora porque acumulam empregos, ou trabalham ao fim de semana ou por turnos, ou ainda por estarem sobrecarregadas pelas várias tarefas das suas vidas.
Mas, igualmente, uma saudação à luta diária das mulheres por melhores condições de vida, pelo respeito pelo valor do seu trabalho, pelo direito à progressão na profissão, por melhores salários, pelo trabalho igual, salário igual, pelo respeito pela função social da maternidade/paternidade, pelo
direito a decidirem o momento ou se querem ser mães, por vagas em creches gratuitas, pela articulação da vida profissional, familiar e pessoal, por melhores pensões e reformas.
Realizamos a nossa Manifestação Nacional de Mulheres culminando as comemorações do Dia Internacional da Mulher, afirmando que não há Março sem Abril e denunciando que há muito abril
por cumprir nas nossas vidas e, que é necessária, justa e urgente lutarmos, juntas fazermos acontecer, a igualdade a que temos direito!
O MDM realizou mais de 80 ações, 60 delas no dia 8 de Março, celebrando o Dia Internacional da Mulher, demonstrando o forte ativismo e unidade das mulheres, das suas activistas e dirigentes, em
defesa dos direitos das mulheres, com a mesma garra de sempre em prol da emancipação da mulher!
Março é luta! Março é mulher!
Somos o Movimento Democrático de Mulheres, um Movimento que se move com a força da vida,
dando voz aos problemas das mulheres, a quem a vida só tem dado deveres e as sobrecarrega.
Nestas comemorações, e nesta Manifestação, a igualdade a que temos direito está ligada aos valores de Abril, essa revolução que tanto significou de avanço para os portugueses e para o país e
foi uma revolução na vida das mulheres. Mas nenhum direito nos foi oferecido.
Somos mulheres de Abril, no presente e no futuro. Somos construtoras de Abril.
Integramos as gerações de mulheres que ousaram lutar contra o fascismo, contra a subalternidade
das mulheres e que ergueram as bandeiras da liberdade, da democracia, da igualdade e da paz.
Foram muitas, muitas mil, as mulheres que construíram o património de direitos consagrados na
Constituição da República e nas leis. Que fizeram de abril uma realidade. Somos e seremos muitas
mil, mulheres – unidas – a defender Abril!
Não calamos e combatemos todas as formas de discriminação, desigualdade e violências sobre as
mulheres.
Continuaremos a luta contra as discriminações, estereótipos e preconceitos que atentam a dignidade e direitos das mulheres, contra o sexismo, a xenofobia, a homofobia e o racismo.
Continuaremos a lutar pela alteração das mentalidades, assentes nos valores de Abril, pelo cumprimento dos direitos consagrados na Constituição, porque neles está o caminho da nossa emancipação.
E assumimos, desde já, que nas comemorações do Dia Internacional da Mulher, em 2025, realizaremos a Manifestação Nacional de Mulheres, no assinalando os 50 anos da primeira manifestação, em liberdade, promovida pelo MDM, em 1975. Assinalam-se, igualmente, os 50 anos do Ano Internacional da Mulher, cujos objetivos são indissociáveis da prolongada luta das mulheres
em cada país e no mundo pelo reconhecimento dos seus direitos.
A nossa Manifestação Nacional das Mulheres realiza-se 13 dias depois das eleições para a Assembleia da República. A nova maioria dos deputados recém-eleitos, e os seus programas eleitorais que conhecemos, não temos qualquer dúvida de que se irão acentuar as políticas de desigualdade na vida das mulheres e tentar-se-ão acertar contas com muitas das conquistas das
mulheres.
Não faltarão os populismos, a demagogia, a ocultação das conceções conservadoras e retrógradas
sobre as mulheres, com novas linguagens, nem faltarão os discursos bonitos mascarados dos seus
verdadeiros objectivos.
A luta das mulheres tem de continuar porque os direitos conquistados estão, uma vez mais, ameaçados.
Lutaremos para não voltar atrás!
É com a igualdade que temos futuro e é por ela que as mulheres cá estão, e estarão, contando
sempre com o Movimento Democrático de Mulheres:
– para lutar pela dignificação das mulheres, no plano político, cultural, económico e social, na família
e na sociedade
– para lutar pelo aumento geral dos salários, do salário mínimo nacional, das pensões e reformas
para elevar as suas condições de vida e garantir a sua independência económica;
– para travar o custo de vida, pelo direito à habitação, para pôr fim à desregulação dos horários.
– Para exigir a prevenção e combate à violência doméstica, reforçando os meios financeiros e
técnicos em todo o território nacional.
As mulheres cá estão, e estarão, contando sempre com o Movimento Democrático de Mulheres:
– Para denunciar o proxenetismo e a mercantilização do corpo das mulheres. Porque a Prostituição é violência e exploração. E os Proxenetas, aqui, não marcham!
As mulheres cá estão, e estarão, contando sempre com o Movimento Democrático de Mulheres:
– Para exigir educação sexual que não existe em Portugal!
– Por um SNS com mais investimento, com garantia de mais profissionais de saúde, com respostas
de qualidade e proximidade no acompanhamento das grávidas, no parto hospitalar humanizado e de qualidade, que promova a saúde sexual e reprodutiva das mulheres, ao de longo de todo o ciclo de vida
– Para afirmar bem alto: na IVG/ Não metam a colher. A IVG é um direito da mulher que tem de ser respeitado e assegurado através do SNS, em todo o território nacional.
Desta Manifestação Nacional transportamos uma forte mensagem às mulheres que vivem no nosso
País.
As mulheres não calam, nem aceitam viver na precariedade. Não aceitam confrontarem-se com as
múltiplas dificuldades e sacrifícios, obrigadas a acumular empregos para conseguir fazer face aos
aumentos na habitação, nos bens alimentares ou na energia.
As mulheres não calam, nem aceitam as promessas de conciliação quando têm de trabalhar 10 ou
14 horas por dia e o salário não chega até ao final do mês.
As mulheres não aceitam a negação do direito a terem os filhos que desejam ter – porque a instabilidade laboral, os baixos salários, a falta de vagas em creches gratuitas o não permitem!
As mulheres são uma grande força social que tem de ser respeitada, pelos seus direitos próprios, pelo contributo que dão ao País.
Desta Manifestação levamos a força, a determinação para continuar a luta contra o empobrecimento do nosso País, contra os retrocessos.
A todas vós, apelamos: sonhem, lutem. Participem, juntem-se ao MDM.
O mundo avança com mulheres inquietas e insubmissas que lutam com confiança pela igualdade a que têm direito, porque só com igualdade, na lei e na vida, temos futuro!
Viva a luta das mulheres por direitos, pela igualdade e pela paz!
Viva Abril
Viva o Movimento Democrático de Mulheres.
Manifestação Nacional de Mulheres
Lisboa, Largo do Carmo, 23 de março 2024