EM MOVIMENTO

MANIFESTAÇÃO NACIONAL DE MULHERES 2024. INTERVENÇÃO DE REGINA MARQUES

A urgência da luta pela paz e a solidariedade com as mulheres do mundo

Nesta data aglutinadora das lutas das mulheres por abril, tecem-se amizades, novos encontros, diálogos distendidos, resolvem-se pequenos nadas que nos separam, ultrapassamos conflitos, não cedemos a discursos de ódio, nem permitimos segregações e marginalizações. Com confiança juntamos vozes e damo-nos as mãos.

Damos as mãos às nossas irmãs que lutam nos seus países contra a fome, a miséria, as injustiças sociais, os maus-tratos e violências e contra as guerras. Denunciamos situação das imigrantes desprotegidas, as mulheres e crianças traficadas, as que estão em campos de «concentração» refugiadas.

No âmbito das comemorações dos 50 anos do 25 de abril que pôs fim a 48 anos de fascismo, incluindo a 13 anos de guerra colonial, esta Manifestação Nacional de Mulheres é uma expressão da luta das mulheres contra a guerra e pela paz e da ampla unidade de todas e todos que desejam o progresso social, a emancipação e libertação dos povos, a emancipação das mulheres.

Vivemos um momento particularmente difícil e perigoso. Nunca como hoje as despesas militares no plano mundial foram tão longe, num permanente aumento e sofisticação armamentista. Sinal de que estamos a viver num mundo cada vez mais inseguro.
A situação internacional face ao crescente militarismo, reforço da NATO articulado com a militarização da UE, comporta elevados riscos para a Paz e estabilidade mundial, desde logo na Europa e em Portugal.
Para além dos custos elevadíssimos da militarização, uma guerra de grandes proporções na era nuclear seria uma tragédia muitas vezes pior do que a criada pela bomba atómica lançada em 1945 sobre Hiroshima e Nagasaki. Por isso, pugnamos pelo desarmamento e respeito pelos tratados de não proliferação de armas nucleares, e exigimos o cumprimento das convenções que impedem o uso de armas biológicas e químicas, onde quer que seja.

Os EUA exigem uma subida das despesas militares dos estados-membros da NATO até 2% do PIB. No nosso país, não podemos aceitar tal aumento para alimentar o negócio da guerra e lutaremos para que o estado português se desvincule desta norma…
O que é urgente, isso sim, é um investimento na escola publica, no SNS, na protecção social, na habitação, para dar melhores condições de vida às mulheres, crianças e ao povo que vive e trabalha neste país.

O panorama atual é marcado por guerras de destruição, violações sexuais de mulheres e crianças,
migrações forçadas e táticas terroristas. Guerras económicas, comerciais e diplomáticas. Bloqueios e sanções financeiras. Guerras climáticas e ambientais. Guerras cibernética e informacionais, comunicacionais, híbridas. Não é demais afirmar que o militarismo e todas as guerras são acompanhadas pelo ataque aos direitos das mulheres, atingindo as suas condições de vida e com retrocesso nos seus direitos não obstante as proclamações de igualdade a partir das instâncias europeias e internacionais. Os promotores do militarismo e da guerra clamam, hipocritamente, a participação das mulheres na guerra como fator de igualdade.

Uma falácia a que não podemos aderir pois o valor da igualdade é incompatível com a desumanização e a guerra.

A luta contra a guerra e pela paz é um imperativo. Uma urgência.
A solidariedade é a nossa arma

Sempre manifestámos a nossa solidariedade com as mulheres da Palestina, do Sahara Ocidental e outras vítimas de guerras fratricidas, estimuladas e apoiadas pelo sionismo, o colonialismo e o imperialismo.

Hoje, aqui e agora, o agravamento de algumas situações obrigam-nos a uma particular atenção. Não podemos ficar alheias ao seu significado e alcance. Por isso, proclamamos que:

É urgente intensificar a luta pela Paz na Palestina, travar uma guerra que nunca parou, e não começou em 7 de outubro passado. São 75 anos de ocupação israelita, de humilhação e prepotência desmedida. Anos de resistência do povo palestiniano pela liberdade e pela justiça. Não deixem de falar de nós! é o grito das mulheres palestinas.

Entre nós importa não deixar banalizar ou naturalizar as cruéis imagens desta guerra que nos chega. Elas mostram a cabeça do monstro que temos de vencer!

Caras amigas e amigos

Estaremos de novo nas ruas no próximo dia 6 de abril com as demais forças de paz e da solidariedade por uma Palestina livre e pelo cessar-fogo imediato e permanente na Faixa de Gaza e noutros territórios palestinianos ilegalmente ocupados por Israel.
Palestina não está só! Palestina vencerá!

Também hoje é urgente e premente intensificar a denúncia do criminoso bloqueio económico e financeiro a Cuba, que há mais de 60 anos os EUA impõem, limitando o acesso a bens essenciais para condenar o povo cubano a dificuldades e ao desânimo. Recentes elementos de sublevação e ingerências estrangeiras ganharam força para apagar a chama da Revolução cubana. Cuba é um exemplo, de solidariedade, um exemplo de igualdade para as mulheres, de respeito pela saúde e educação de todos, que incomoda quem quer subjugar e dominar os povos. É um exemplo que incomoda aqueles que pretendem ter a hegemonia dos recursos e o domínio sobre as ideias.
Cuba não está só ! Cuba vencerá!

Que a voz das mulheres se ouça em todo o mundo! Foi a proclamação da Federação Democrática
Internacional de Mulheres (FDIM) no seu último Congresso.

Com a mesma convicção, a partilhamos convosco.
Que a voz das mulheres se ouça em todo o mundo!

Em Portugal, somos uma força social de luta e de paz contra todas as desigualdades e discriminações na vida e nos direitos das mulheres. São esses desequilíbrios e desigualdades, violências e insatisfações que também toldam o bom viver entre as pessoas e justificam desabafos de intolerância e ódio.

Nesta batalha pela Paz é imperioso e urgente que o Estado Português assuma o cumprimento da
Constituição que, se fosse cumprida nestes 50 anos de abril, não teria colaborado nas guerras na
Jugoslávia, na Líbia, no Iraque, no Afeganistão.

As forças militaristas jogam no terror, no medo, no aumento da fome e das violações como armas de guerra. Nós, amantes da paz, jogamos nas relações de cooperação e amizade, no diálogo e respeito pelo Outro para a resolução dos conflitos internacionais.

Nesta Manifestação Nacional de Mulheres celebramos as conquistas e lutamos para dar maior expressão à luta das mulheres e ampliar a nossa grande convergência para resistir e lutar pela igualdade na vida.

A paz é possível… a luta pela paz é a urgência do nosso tempo.

A luta contra a guerra e pela paz é um imperativo. Uma urgência.
A solidariedade é a nossa arma.
Paz Sim! Guerra não! A paz é solução.

Manifestação Nacional de Mulheres
Lisboa, Largo do Carmo, 23 de março 2024

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