Sandra Benfica, Secretariado do MDM
Queridos e queridas amigas,
Voltamos a encontrar-nos nesta celebração ímpar do Dia Internacional da Mulher, realizando uma Manifestação Nacional de Mulheres pela exigência de Igualdade e Justiça Social no presente com futuro!
Atrevemo-nos a decidir e a construir de novo esta expressiva e justa manifestação nacional de mulheres que nem mesmo o mau tempo abalou na sua significativa participação e na justeza das reivindicações que ecoaram nas ruas da cidade de Lisboa neste sábado vestido de cinza.
Esta Manifestação é expressiva!
Aqui estão mulheres de todo o país – do Porto, Aveiro, Braga, Viana do Castelo e Trás-os-Montes |da Guarda, Viseu, Castelo Branco, Leiria, Santarém e Lisboa | de Portalegre, Évora, Beja, Faro e Setúbal.
Aqui estão as operárias, as trabalhadoras dos sectores de serviços e comércio, as professoras, as médicas e as enfermeiras, as mulheres da cultura e da ciência, as estudantes e as agricultoras. Estão as trabalhadoras da administração pública. As activistas sindicais e de outras organizações representativas dos trabalhadores.
Estão as que fizeram e fazem frente ao patrão, as que fazem a greve e defendem o posto de trabalho e os seus direitos laborais.
Estão todas as gerações de mulheres, as jovens e reformadas.
Estão as sobreviventes de muitas formas de violência.
Estão também as mulheres que escolheram o nosso país para viver, as angolanas, as cabo-verdianas, as chinesas, as brasileiras e de tantas outras nacionalidades.
Estão mulheres que participam em muitas e diversas Organizações, e muitas outras que não sendo do MDM, reconhecem a sua importância e sentem-se bem-vindas neste espaço que é seu e aceitaram convictamente o convite para fazermos juntas esta luta pela igualdade.
Aqui, estão as mulheres do nosso país!
Estão as que lutam e resistem, fazem frente às desigualdades e discriminações que impedem a concretização de tantos projectos e sonhos.
As que todos os dias arregaçam as mangas e enfrentam as adversidades da vida com uma imensa coragem!
Aqui, estão as mulheres que constroem o presente e o futuro, colocando o seu saber e o seu labor ao serviço do desenvolvimento do país.
E com elas também estão homens, nesta luta que acolhe todos os que defendem a emancipação das mulheres e uma sociedade assente na igualdade entre homens e mulheres, justiça social, desenvolvimento e paz.
Saudamos calorosamente a vossa presença e o vosso extraordinário empenho nesta e em muitas outras causas que nos unem.
Consideramos que esta Manifestação é justa, porque é justa a exigência de Igualdade, não apenas na lei, mas igualdade em todas as esferas da nossa vida, enquanto mães, trabalhadoras, cidadãs e mulheres.
Igualdade na vida, afirmamos! E afirmaremos!
Igualdade por oposição às muitas desigualdades entre homens e mulheres e sociais, às muitas discriminações em função do sexo, às concepções retrogradas sobre o papel da mulher; Igualdade por oposição às múltiplas formas de violências contra as mulheres no trabalho, na família e na sociedade.
Igualdade que se reflicta de facto na vida das mulheres e não se limite a páginas dos discursos e tão pouco ao texto da lei.
O MDM valoriza no tempo presente a reposição de direitos e as melhorias nas condições de vida de muitas mulheres. Melhorias só possíveis com a alteração de forças na Assembleia da Republica, o afastamento do governo PSD-CDS, e com a participação, a denúncia de milhares de mulheres na luta que foi travada.
Contudo, reclamamos uma verdadeira política de igualdade que seja necessariamente inseparável da Justiça Social, inseparável da melhoria das condições de vida, inseparável do direito a ter e exercer direitos.
Como temos persistentemente afirmado: Os problemas que atingem a maioria das mulheres continuam por resolver.
O desemprego, a precariedade, os baixíssimos salários, a discriminação salarial, a desregulação dos horários de trabalho, as reformas e pensões de miséria, flagelam terrivelmente a vida das mulheres.
Decidir ser mãe, ou ser mãe hoje é sinonimo de múltiplas discriminações desde logo no acesso ao trabalho. Mas, igualmente, na negação do direito ao acompanhamento dos filhos. O desrespeito pela função social da maternidade é indigno e aviltante! É uma afronta ao direito de sermos mães quando assim o desejamos.
A violência doméstica é uma vergonha nacional para quem comete o crime e para quem tem a responsabilidade de proteger e apoiar as vítimas e não o faz como é exigido.
As perseguições e repressão nas empresas, o assédio moral e sexual continuam a ser ocultados como uma grave forma de violência, num pais onde existem muitas queixas e poucas decisões favoráveis às mulheres. É uma luta que continua e que será vencida pela luta contra a precariedade, a insegurança laboral e o medo que alimenta esta grave violação dos direitos e da dignidade das mulheres.
A prostituição que não para de aumentar, e que anda de braço dado com tráfico de pessoas continua a não ser considerada uma forma de violência contra as mulheres e as crianças. Persiste a campanha pela descriminalização do proxenetismo em nome dos direitos das pessoas prostituídas. Alinham nesta campanha sectores com responsabilidades políticas, que não tem pejo em defender a metamorfose de uma vil expressão de violência num trabalho digno para as mulheres.
Por estas e muitas outras razões, é tempo de exigir uma verdadeira política de igualdade! E para isso os objectivos desta manifestação são razões de luta a dar continuidade.
Por estas e muitas outras razões, celebramos o Dia Internacional da Mulher não esquecendo a sua raiz histórica e a memória do tempo em que as trabalhadoras super exploradas clamavam por igualdade salarial e valorização do seu trabalho, redução do horário de trabalho, direitos políticos e sociais.
Mais de 100 anos depois, eis-nos, hoje, de novo, com outras roupagens e subtilezas na exploração das mulheres, perante a inquietante actualidade destas lutas de outrora, que são lutas de hoje e de sempre.
Aqui hoje afirmamos a actualidade e justeza das reivindicações das mulheres, para que a igualdade e justiça social seja uma realidade para todas e todos
Desta Manifestação levamos uma renovada confiança e força na exigência de respeito pelos nossos direitos.
Voltamos a dizer “os direitos das mulheres não podem esperar: são para ser cumpridos e têm de avançar!
E está nas nossas mãos, na nossa unidade e organização, a defesa dos direitos das mulheres nas vertentes política, social, económica e cultural. Que está nas nossas mãos a defesa dos direitos humanos e a dignidade das mulheres.
Este ano trazemos nas mãos bandeiras que assinalam 50 anos de vida deste Movimento de Mulheres que se move com a força da vida. Dizem “Em movimento mulheres fazendo história” porque a história dos direitos das mulheres no nosso país são inseparáveis da intervenção e luta deste movimento.
Sim, hoje também celebramos os 50 anos do Movimento Democrático de Mulheres
50 Anos na defesa dos direitos e valorização da mulher; na defesa dos direitos sexuais e reprodutivos; de luta contra concepções retrógradas e conservadoras sobre o papel das mulheres; 50 anos de luta pela igualdade na lei e na vida.
Um movimento relevante no seu passado, relevante no presente e que seguramente manter-se-á relevante no futuro, porque as mulheres conhecem e reconhecem o papel insubstituível do MDM na defesa dos seus direitos.
Queremos saudar todas as mulheres que partilham este percurso de luta, que de norte a sul do país construíram e constroem este movimento, sempre ligado à vida, sempre ligado aos problemas reais das mulheres, sempre e sempre empenhado numa profunda solidariedade com as mulheres que no mundo lutam e resistem, contra a guerra, a fome e a opressão.
A todas as mulheres que ainda não são do MDM, mas que estão de acordo com os seus objectivos dizemos-lhes: a defesa dos direitos das mulheres precisa do vosso contributo dando mais força ao nosso Movimento. Venham construir, connosco, os próximos 50 anos do MDM.
Queremos, desde já, convidá-la a todas para que contribuam activamente para a preparação do 10º Congresso do MDM que se realizará em Setúbal no dia 27 de Outubro.
E como esta expressiva, justa e importante celebração não começou nem acaba aqui, a Direcção Nacional do MDM convida-vos desde já a vir celebrar o Dia Internacional da Mulher em 2019, na Manifestação Nacional de Mulheres que, de novo o MDM realizará a 9 de Março de em Lisboa.
Viva o Dia Internacional da Mulher
Viva as mulheres portuguesas
Viva o MDM – Movimento Democrático de Mulheres
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