Queridas Amigas e companheiras
Realizamos pelo sétimo ano consecutivo a Manifestação Nacional de Mulheres que comemora o Dia Internacional da Mulher.
E que bonita a imagem que daqui se tem! Que bela moldura de mulheres, combativas e determinadas com a alegria e a força das mil razões que nos movem na exigência de que os direitos das mulheres não podem esperar.
A força desta manifestação nacional de mulheres teve uma expressão muito viva no Norte, no passado dia 4 de Março, num desfile que percorreu a praça da Batalha com destino à Trindade.
Força que, também hoje, nesta bonita cidade de Lisboa, ecoou nas ruas, dos Restauradores à Praça do Município, onde nos encontramos.
Esta forte dinâmica assentou também na diversidade de acções que o MDM realizou em todo o país no dia 8 de março – acções que passaram pela distribuição de folhetos, debates, jantares, iniciativas culturais e culmina hoje com a realização desta magnífica manifestação.
Afirmámos no Porto e reiteramos hoje, as comemorações do dia Internacional da Mulher marcam a luta de todos os dias Do MDM e das Mulheres, que através de um coletivo de mulheres de diferentes gerações assumem de forma desassombrada, corajosa e determinada o compromisso de estar ao lado das mulheres, dos seus legítimos sonhos e aspirações, batendo-se há mais de 50 anos de forma intransigente, pelo respeito e valorização do estatuto de todas as que vivem, trabalham ou estudam no nosso país.
Mulheres que, como nós, se reveem plenamente no poema de Teresa Horta, intrépida lutadora pelos direitos das mulheres e poetisa das mulheres de Abril!
Não me exijam que diga o que não digo
não queiram que escreva o meu avesso
não ordenem que eu aceite o que recuso
não esperem que me cale e obedeça
(Mª Teresa Horta, Questões de princípio)
Sim, somos mulheres, sujeitos ativos na transformação das nossas vidas e da nossa condição.
Valorizamos os avanços conquistados, quando comparados com as gerações de mulheres que viveram os tempos sombrios de opressão e subordinação e que contra a eles se rebelaram. Mas não nos peçam resignação e paciência perante o agravamento das nossas condições de vida e de trabalho e o reiterado incumprimento dos nossos direitos enquanto trabalhadoras, cidadãs ou mães.
Afirmamos por isso, bem alto, neste Dia Internacional da Mulher, que temos mil razões para lutar, porque os direitos das mulheres não podem esperar.
A adesão de milhares de mulheres de todo o país às comemorações desse dia desaguou nesta magnifica manifestação Nacional de Mulheres, ponto alto das comemorações, e demonstrativa da justa e inadiável razão do que reivindicamos, Reivindicações estas, profundamente ligadas à vida das mulheres.
Daqui lançamos uma especial saudação a cada uma das ativistas e dirigentes do MDM que, com esforço pessoal, mas também empenho e alegria construíram nos diversos núcleos distribuídos por todo o país este Dia Internacional da Mulher que se replica todos os dias! Mas estas comemorações contam também com o esforço e a participação de muitas mulheres que, não sendo do MDM, sentiram estas reivindicações como suas.
Queridas amigas,
Por muito que muitos se esforcem nesse sentido, a comemoração do Dia Internacional da Mulher não é uma data qualquer, não é uma data comercial e não é comerciável, não é um dia de descompressão, sem qualquer resultado prático ou significado.
Não, queridas amigas, o DIA INTERNACIONAL DA MULHER não é uma data fofinha em que se oferecem flores para que no dia seguinte a sobrecarga, a exploração, ou a dureza das condições de vida e de trabalho continuem na mesma
É um dia de luta, de afirmação e exigência, de alegria, de convívio e cumplicidade, mas também de solidariedade entre todas as mulheres que, em Portugal e no Mundo, lutam pelos seus direitos, pela igualdade, pela justiça social e pela paz.
Prosseguimos os objetivos que estão na origem do Dia Internacional da Mulher, instituído em 1910 e na primeira manifestação de mulheres realizada em diversos países no ano de 1911.
Data que representa a luta das mulheres no século XX contra a exploração e subalternidade que lhe era imposta na lei e na vida, e que no século XXI continua a ser um símbolo da luta das mulheres, doa a quem doer, porque os direitos das mulheres não podem esperar.
A igualdade no trabalho e na vida, o fim de todas as formas de exploração e opressão continua ser uma luta do presente.
E porque não há futuro sem lembrar o passado trazemos hoje à memória:
– A realização do Encontro Nacional de Mulheres promovido pelo MDM em Outubro de 1973 que afirmou as razões de luta das mulheres em tempos sombrios.
– Também, o V Congresso Mundial de Mulheres promovido pela FDIM há 60 anos, no qual participou uma delegação portuguesa dirigida por Maria Lamas, congresso em que foi aprovada uma moção de solidariedade com os presos políticos em Portugal, entre eles Maria Alda Nogueira, também ela mulher do MDM e sua dirigente, resistente antifascista, lutadora pelos direitos das mulheres cujo centenário do nascimento se assinala a 19 de março.
O 11º Congresso do MDM, realizado no passado mês de outubro analisou o sentido da evolução da situação das mulheres em Portugal e no Mundo, fê-lo com grande preocupação, tendo apontado o caminho da intervenção do MDM para responder ao inquietante tempo presente, desde logo, afirmando “a exigência de que a igualdade na lei, tenha tradução na vida das mulheres”. Este é o compromisso da nossa luta que é diária, no plano local e nacional.
E, por isso, continuaremos intrépidas e seguras a afirmar as razões para lutar! Os direitos das mulheres não podem esperar! As mulheres lutam pela igualdade entre mulheres e homens.
Mas lutam também por direitos próprios, enquanto trabalhadoras, cidadãs e mães. Por melhores condições de vida e de trabalho, pelo fim da precariedade e da desregulação dos horários, pelo aumento geral dos salários e do salário mínimo nacional; contra o brutal aumento do custo de vida que nos empurra para a pobreza e exclusão social; pelo aumento das pensões e o direito a envelhecermos com dignidade; em defesa do serviço nacional de saúde e salvaguarda dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres
Exigimos respeito pelo nosso trabalho e a valorização das carreiras e profissões.
Reivindicamos o direito a ter vida: de articular a vida profissional e familiar, a ter tempo para o lazer, para a família, mas também para a participação social e política;
Exigimos o direito a creches e à educação pública gratuita e de qualidade;
Exigimos uma habitação digna e compatível com o salário;
Exigimos que se combata o aumento do custo de vida, única forma de pôr fim à criminosa especulação! Exigimos a fixação do preço de bens e serviços essenciais;
Exigimos o fim da multiplicidade de violências, porque a violência tem de acabar, onde quer que ela tenha lugar!
Queridas Amigas e Companheiras,
Temos mil razões para lutar, sabemo-lo bem! Mas não esqueçamos que temos, igualmente, mil razões para confiar!
Confiar no valor da luta das mulheres; da sua unidade contra o agravamento das condições de vida e de trabalho e o cortejo de desigualdades, discriminações e violências que nos atingem, enquanto trabalhadoras, cidadãs e mães.
Confiar porque em nós e na unidade da nossa luta não há espaço para a «cartilha» das fatalidades e inevitabilidades, não há «paciência» para aceitar sacrifícios que enchem os bolsos de uns para as misérias de tantos!
Desenganem-se os que contam com a nossa «resignação» perante os retrocessos nos nossos direitos. Aos que nos querem calar, dizemos – Não nos calam, não nos calamos!!!
As comemorações do 8 de Março e a Manifestação Nacional de Mulheres demonstrou no Porto e demonstra, hoje, em Lisboa que não estamos nem «conformadas» nem «vencidas», que não calamos nem consentimos as malfeitorias diárias que nos atingem e atentam contra os direitos e a nossa dignidade.
Temos razões para confiar no nosso discernimento em não aceitar o branqueamento das políticas que nos amarram ao retrocesso. Temos razões para confiar na força da nossa luta por uma verdadeira política de igualdade.
Demonstrámos e continuaremos a demonstrar que estamos prontas para prosseguir a luta organizada de todos os dias neste Movimento Democrático de Mulheres que se move com a força e com o pulsar da vida.
Reivindicamos direitos e igualdade para as mulheres, mas também para todos; exigimos justiça social e lutamos pelo bem-estar das mulheres, e também de todos;
Quando clamamos por paz, tecemos vida e futuro para todos.
Por isso apelamos às mulheres, apelamos a cada uma de vós, que venham e lutem; venham e rebelem-se; venham, unidas e com confiança porque os direitos das mulheres não podem esperar e até à sua concretização na vida nós não vamos parar!
Juntas fazemos acontecer!
Não marcamos só um encontro no próximo ano porque iremos encontrar-nos em muitas lutas que iremos travar, no plano local e nacional, mas desde já firmamos o compromisso para com as comemorações do Dia internacional da mulher de 2024, que na sua diversidade, terão na manifestação nacional de mulheres um momento especial na afirmação do significado desta data na luta das mulheres.
E com os 50 anos da Revolução de Abril, acontecimento maior na luta emancipadora das mulheres em Portugal!
Viva a solidariedade com a luta das mulheres em Portugal e no mundo!
Viva o MDM, Vivam as MULHERES!