Condenamos a criação do “Museu Salazar”.
As mulheres portuguesas progressistas e democratas não aceitam a tentativa de reabilitar a figura do ditador Salazar, e denunciam o branqueamento do fascismo, agora com a pretensão de sediar um “museu” em Santa Comba Dão, projecto que a Assembleia da República já condenou em 2007, e reafirmou na sua Comissão Permanente, em Setembro deste ano.
As mulheres não esquecem a ditadura fascista que então viveram, não esquecem o regime autoritário que deixou o país na miséria e no obscurantismo. Um tempo de feroz censura e repressão, um tempo de escuridão, de silêncio e silenciamentos terríveis, de profundas mistificações e humilhações.
Um tempo sem direitos, de fome e pobreza extrema, de salários de miséria, de grande exploração e repressão sobre quem lutava por melhores condições de vida e de trabalho.
Para as mulheres foi também o tempo de um estatuto social subordinado, presente no seu dia-a-dia e em todas as esferas da vida.
Muitas foram as mulheres, anónimas ou mais conhecidas, revolucionárias, progressistas e democratas, trabalhadoras que lutaram por melhores condições de vida e de trabalho, pelo pão, pela paz, contra o fascismo, pela liberdade e democracia – e que por isso conheceram a brutalidade e a repressão do regime fascista, e o pagaram com a prisão ou a própria vida – muitas foram mães sem filhos e muitos os filhos sem mãe e pai.
De forma organizada, e em todas as frentes de luta, as mulheres estiveram presentes em batalhas fundamentais da resistência à brutal ditadura fascista, pela conquista da liberdade, para trilhar os caminhos da igualdade e da emancipação social.
É neste contexto de luta que nasce o Movimento Democrático de Mulheres – MDM, fruto da vontade colectiva contra a opressão sobre as mulheres e o povo, pela liberdade e pela libertação das mulheres presas por motivos políticos, por melhores condições de vida, pelo fim das discriminações e desigualdades no trabalho, na família e na sociedade.
O papel de todos, mulheres e homens, revolucionários, democratas e anti-fascistas não pode ser esquecido, apagado, expropriado ou deturpado pelos que se dedicam a branquear o fascismo, e a reescrever a história de luta e resistência contra um regime tão feroz e repressivo, como o foi a ditadura fascista.
Por tudo isto, apelamos à assinatura da petição da iniciativa da URAP, dirigida à Assembleia da República para que, no início da nova legislatura, em nome do Portugal de Abril, da Constituição da República Portuguesa e da Lei, condene politicamente o processo de criação do “Museu Salazar” e que sejam efectuadas as diligências necessárias para travar definitivamente esta ofensa aos portugueses, e em particular à memória dos milhares de vítimas do regime fascista.
Para assinar a petição online, promovida pela União de Resistentes Antifascistas, clica aqui