Afinal, são todas, mulheres que souberam transformar o sonho em matéria viva. Matéria feita da música, do cinema, do teatro, da poesia, da literatura, da ciência, das artes plásticas, da política. Matéria que foi luta e muito trabalho.
Elas, à sua maneira e na sua especificidade, lutaram por si, por nós, por causas nobres e justas.
Mulheres que não vergaram sob o fascismo. Que não vergaram na defesa da cultura.
Que não cederam a desígnios confessos de subalternidade. Não soçobraram perante as grandes adversidades. Mulheres que ergueram movimentos que estão de pé ou com eles deram passos de solidariedade. Por linhas sinuosas e rebeldes mas certeiras, confiaram nos movimentos e organizações, verdadeiras fontes de vida, que deram mais vida à vida efémera e dura que o fascismo contaminou.
Com a sua experiência teceram as malhas finas da solidariedade feminina e humana.
Teceram nos teares das fábricas a alegria de ser mulher, a trama de uma organização que perdura no tempo. Formaram sindicatos e cooperativas, fizeram greves e manifestações. Tiveram salários em atraso. Dormiram nas fábricas para guardar as máquinas. Mulheres sem sono. Mulheres de sempre.
Mulheres que fizeram da arte, a denúncia, o grito de sobressalto, o cenário da revolta.