40 ANOS DO ANO INTERNACIONAL DA MULHER -1975-2015

O AIM nasce da força organizada das mulheres junto das Nações Unidas

No final de 1972, a 27ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas aprova a proclamação do Ano Internacional da Mulher, uma acção global para incentivar governos, ONG e todas as pessoas a intensificarem esforços para promover a igualdade entre homens e mulheres.
O Ano Internacional da Mulher representou um momento de grande significado para as mulheres de muitos países pelos fins e objectivos que se prôpos alcançar.
A FDIM desempenha um papel crucial propondo à ONU instrumentos basilares para a promoção da mulher e seus direitos e apela às organizações femininas, suas filiadas, para incentivares os seus governos nacionais a ratificarem os documentos aprovados e a difundirem os objectivos entre as mulheres.

No ambiente estimulante da Revolução de Abril, o Governo presidido por Vasco Gonçalves, consignava e ratificava a celebração em Portugal do Ano Internacional da Mulher:
«Considerando o alto significado e a actualidade dos objectivos que o Ano Internacional da Mulher se propõe atingir, nomeadamente a eliminação das discriminações de direito e de facto em relação às mulheres, o incremento da participação das mulheres na transformação social; e o reconhecimento do seu contributo, a nível local, a nível nacional e internacional na construção da paz;
Reconhecendo, por um lado, as graves situações discriminatórias ainda existentes em Portugal em relação à plena participação das mulheres em múltiplos sectores da vida do País e, por outro lado, a especial oportunidade que o ano que vivemos pode trazer para uma larga integração das mulheres em todos os aspectos em que se vai processar a reconstrução nacional”
“ (…)Apelo, por isso, para todos os organismos de Estado, para as forças armadas, os partidos políticos, as organizações profissionais e outras organizações não governamentais, para que, durante este ano, se intensifiquem os esforços no sentido de que a revolução em curso seja uma revolução com uma autêntica participação das mulheres de acordo com a forma genuína de ser da mulher portuguesa e segundo as grandes linhas de orientação propostas pelo Programa das Nações Unidas»
Resolução do Conselho de Ministros, 7 de Janeiro de 1975

Nascidas da luta, grávidas de Abril, as mulheres do MDM, organização filiada na FDIM desde 1967, inserem a sua acção nos grandes objectivos do Ano Internacional da Mulher, pela igualdade, desenvolvimento e paz e estimulam a participação das mulheres e das forças vivas, para os objectivos do AIM:
O MDM participa no Congresso Mundial do AIM em Berlim onde organizações de mulheres dos vários cantos do mundo se juntaram para dar seguimento à discussão dos temas lançados no México.

É aprovado um Plano de Acção Mundial para a implementação dos objectivos de Igualdade, Desenvolvimento e Paz e proclamada a Década da Mulher das Nações Unidas (1976-1985). Em 1979 é aprovada, com 130 votos a favor e 10 abstenções, pela Assembleia-Geral da ONU, a Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação contra as Mulheres (CEDAW), uma verdadeira carta compromisso para os direitos das mulheres para governos de todo o mundo.
Em 11 de Março de 1980, a Comissão Parlamentar da Condição Feminina propõe à AR uma resolução onde recomenda ao governo a ratificação com urgência da CEDAW, que será ratificada pela Assembleia da república em Setembro do mesmo ano.

O ONU faz a Conferência Pequim+20 em Março de 2015. O balanço não é positivo.
“A Plataforma de Acção de Pequim é uma promessa não cumprida para as mulheres e meninas”, diz Phumzile Miambo-Ngcuka, Directora Executiva da ONU Mulher.
2015 é tempo de trazer à memória colectiva os ideiais que animaram o AIM no contexto da Revolução de Abril e que ainda que vivos pertinazes, não têm sido cumpridos.
Vivemos tempos particularmente difíceis para a as mulheres no nosso País. Tempos de agravamento das discriminações e desigualdades, de injustiças sociais, pobreza e de profundo retrocesso social.
Forjado na resistência antifascista e na luta pela liberdade e democracia, o MDM é projecto e espaço de participação transformadora do estatuto social das mulheres, na construção de uma sociedade que não consinta qualquer forma de violência, de desigualdade e discriminação.
