PROMOVER A PREVENÇÃO, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO, GARANTINDO os direitos das mulheres, A EQUIDADE E A IGUALDADE NO SNS
O Vírus do Papiloma Humano (HPV) é a principal causa infecciosa de cancro e é o segundo tipo de cancro mais frequente na mulher em todo o mundo.
Em Portugal, estima-se que cerca de 20% das mulheres entre os 18 e os 64 anos possam estar infetadas por um ou mais tipos de HPV, sendo este vírus responsável por 100% dos cancros do colo do útero, 70% dos cancros da vagina e 40% dos cancros da vulva.
Os custos da prevenção e da realização de diagnóstico precoce são investimentos indispensáveis, porque evitam cancros, tratamentos mais invasivos, sofrimento e mortes.
É determinante o acesso ao médico de família e à especialidade de ginecologia, anualmente; bem como à vacinação e à realização do rastreio.
Portugal esteve entre os primeiros países do mundo a introduzir a vacinação contra o HPV, tendo o MDM sido uma das associações que a defendeu. Em 2018, o programa nacional de vacinação comemorou 10 anos de sucesso atingindo cerca de 90% de cobertura entre os grupos-alvo designados.
Esta vacinação é recomendável às mulheres até aos 45 anos, mas a vacina não substitui o rastreio do colo do útero.
A CoViD-19 trouxe vários condicionalismos, mas o SNS não pode deixar suspenso, durante tempo, o acompanhamento das/os utentes, sobretudo de outras patologias graves, como são as oncológicas.
Num ano particularmente difícil, em contexto de Pandemia, os problemas e as desigualdades aumentaram, com consequências que se arrastarão nos próximos anos, porque foram adiados milhares de exames, diagnósticos e cirurgias. São centenas de novos doentes/mês a menos, dado não haver avaliação e referenciação dos cuidados primários.
Em 2020, houve menos 11,4 milhões (38%) de consultas presenciais nos centros de saúde e menos 140 mil rastreios do colo do útero.
Os dados revelam -se muito preocupantes sobre a falta de prevenção, de diagnóstico e do devido tratamento.
O MDM considera que é essencial aumentar os níveis de diagnóstico precoce e tratamento adequado, a fim de evitar o início de tratamento de doenças num estado avançado. Nessa medida, urge uma elevada atenção aos cuidados de saúde primários, que são fundamentais na referenciação da doença.
Para obviar a este estado preocupante de funções fundamentais do SNS, o MDM defende o reforço urgente no investimento do SNS, em todas as suas dimensões, e a eliminação das assimetrias regionais.
É necessário um inequívoco apoio às equipas de saúde para recuperação dos atrasos, com mais médicos de família e enfermeiros, maior aquisição de meios de diagnóstico e realização de mais cirurgias.
Ao aproximar-se o Dia Internacional da Mulher – data que assinala a luta das mulheres pela igualdade de direitos na lei e na vida -, verifica-se que a desigualdade na saúde das mulheres persiste e que a nossa luta tem toda a pertinência neste combate por uma saúde que tenha em conta a natureza dos problemas específicos do corpo das mulheres.
O MDM continua a lutar por:
– Rastreios do cancro do colo do útero em todos os centros de saúde, aumentando as taxas de cobertura e garantindo o acesso gradual a todas as mulheres com mais de 20 anos;
– Reforço de campanhas de sensibilização das mulheres para a importância de adesão ao rastreio;
– Direito à vacinação gratuita das mulheres, até aos 45 anos;
– Redução do Tempo Máximo de Resposta Garantido (TMRG) de cirurgias;
– Contratação em número suficiente de profissionais de saúde com vínculo permanente (médicos, enfermeiros, técnicos de diagnóstico e terapêutica, psicólogos, técnicos superiores de serviço social).
É URGENTE GARANTIR O DIREITO À SAÚDE DE TODAS AS MULHERES
Março 2021
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