Sim à Paz! Não à NATO!
O MDM associou-se à iniciativa pública que decorreu ontem em Lisboa, contra a Cimeira da NATO de Bruxelas e os seus objectivos belicistas, em defesa da paz e da segurança no mundo.
Intervenção de Ana Souto, dirigente do MDM:
«Em nome do MDM saúdo as mulheres e homens presentes neste desfile, saúdo todas as organizações que convocaram esta iniciativa para elevarem a sua voz em defesa da Paz, para condenarem os objectivos da NATO e a sua Cimeira de Bruxelas, que se vai realizar amanhã, com a presença do presidente dos EUA, quando em todos os continentes se verifica, a cada dia que passa, ao aumento de focos de conflitos e guerras e à sua agudização.
Os EUA, a NATO, a EU e os seus aliados fomentam guerras em nome da “Democracia”, em nome dos “Direitos humanos”, mas o que provocam é a destruição de milhares de vidas humanas e milhões de refugiados, é a desestabilização de governos e destruição de países independentes e soberanos, como aconteceu no Iraque, na Síria, na Líbia, no Afeganistão, em África, na região dos grandes lagos e na áfrica subsaariana, não esquecendo aqui os conflitos que se vivem de forma dramática na Palestina ou no Iémen.
São guerras de ingerência e de agressão externas, que pretendem assegurar posições geo-estratégicas das forças imperialistas e do capitalismo a braços com as suas contradições, para dominar os povos e os seus recursos naturais.
A soberania dos povos e a sua liberdade são postos em causa!
Não se respeitam os princípios da Carta das NU!
Não se respeitam os princípios do Direito Internacional!
A actual situação internacional contém elevados riscos para a Paz e estabilidade mundial.
Amigos e amigas,
A vocação da NATO não é de defesa como nos querem fazer crer!
A NATO, ao serviço do imperialismo não conhece fronteiras, dispõe cada vez mais de mais sofisticados recursos militares, efectiva gastos astronómicos em armamento militar que instalou e pretende instalar em territórios da Europa, Médio Oriente, África, América Latina e Ásia.
O MDM e o mundo sabem que em territórios ocupados, em zonas de conflito, como refugiados, as mulheres e as crianças são as maiores vítimas sujeitas a todo o tipo de violências.
Crianças e mulheres são tratadas como seres infra-humanos, sujeitas à violência física e sexual, ao tráfico humano, os seus direitos são aniquilados. Milhões de mulheres, meninas, crianças são obrigadas a trabalho forçado, sujeitas à exploração sexual e económica ou desaparecem para outros fins.
Uma verdadeira afronta à dignidade humana, aos direitos humanos!
O MDM está desde sempre comprometido com a causa da Paz, da solidariedade, da cooperação, do progresso e da justiça social, condições indispensáveis para a dignificação das mulheres e para a igualdade na lei e na vida a que temos direito.
Juntamos, por isso, a nossa voz à de todas as mulheres e homens que no mundo lutam e aspiram a um mundo mais justo, mais digno, mais solidário, onde haja lugar ao sonho, onde as crianças possam ser crianças.
É preciso e urgente elevar as nossas vozes, ampliar as nossas lutas contra as guerras e desigualdades, na exigência de um mundo de Paz.
PAZ SIM! NATO NÃO!
O direito à vida e à dignidade é um princípio basilar que está consagrado na Carta das NU, temos de lutar pela defesa dos valores da humanidade, dos ideais progressistas, porque também a defesa dos direitos das Mulheres é indissociável da luta pela Paz e pelo Desenvolvimento!
As palavras de Maria Lamas continuam vivas e actuais: “A Paz é uma espécie de Revolução”, (…) só na Paz é possível a renovação de cada mulher, de cada homem…porque o grande inimigo da humanidade é a guerra…Por isso quando apelo às mulheres portuguesas «Paz! Paz!», apelo a que de mãos unidas transformem o mundo e se conquistem como seres humanos de plenos direitos…”[1]
Por tudo isto, perante o perigoso agravamento da tensão internacional que se verifica:
. exigimos a defesa firme dos princípios essenciais, nomeadamente os inscritos no artº 7 da Constituição da República Portuguesa, porque a Paz é o bem supremo da humanidade e é com toda a justeza que clamamos para que se respeite em Portugal a Constituição.
.exigimos o cumprimento dos princípios da Carta das NU e do Direito Internacional, dos direitos humanos.
.exigimos a promoção de políticas de Paz e de ajuda ao desenvolvimento dos países devastados, porque as guerras são indissociáveis da fome, da miséria, das desigualdades sociais, económicas e de género.
.rejeitamos a participação das forças portuguesas em agressões militares da NATO a outros povos.
.afirmamos ser urgente a dissolução da NATO, o fim das armas nucleares e de extermínio maciço, o fim das bases militares estrangeiras e o desarmamento geral e controlado.
Sim, a Paz é possível e necessária para todas e para todos! Por ela vamos continuar a lutar!
SIM À PAZ! NÃO À NATO!»
[1] in Helena Neves, «Maria Lamas, uma vida no feminino colectivo (II), in O Diário, Literatura, de 11 de Abril de 1982.